Não é de hoje que a mídia e o processo comunicativo facilitam e interferem no exercício dos papéis sociais. As pessoas se informam, se divertem e estabelecem uma relação de proximidade com quem está no outro lado do rádio, da TV e, mais recentemente, da tela do computador ou dos celulares.
O filme A Era do Rádio (Radio Days), de Woody Allen, conta a história de pessoas que se relacionavam com o meio de comunicação mais importante e disponível da época. O enredo, contado de maneira não-linear, quase sempre é narrado em primeira pessoa pelo pequeno Joe, um menino que vive em Nova York na década de 1940, com sua grande família. Mas quem conduz a trama é o rádio. As notícias, programas e músicas que a família escuta trazem à tona as memórias do menino. Joe pode ser percebido como o alter ego de Woody Allen, e o filme como um retrato da infância dele.
A Era do Rádio foi lançado em 1987, mas a ambientação, o figurino, a trilha sonora e os costumes são dos anos da Segunda Grande Guerra Mundial. A música é um elemento de destaque na trama capaz de dar significado às cenas.
Para a professora Katrine Boaventura, que participou do debate no Cine UniCEUB, o rádio, na estória, é o elemento agregador na vida da família de Joe. Esse aparelho ocupa, assim, um papel de centralidade característico dos meios de comunicação em massa. Ela ressalta que, posteriormente, a TV ocupou esse espaço. Especialmente porque a lógica era a da oferta de programas com horários fixos, as pessoas se reuniam para assistirem juntos à programação. Desse modo, criavam memórias afetivas em conjunto.
Gilberto Costa, professor também presente no Cine UniCEUB, citou Bachelard para ressaltar que o rádio, apesar de falar a todos, também afeta cada um individualmente. A viagem no tempo pelas memórias da infância de Woody Allen no filme é uma saudosa narrativa de um período em que o rádio reinava quase absoluto. Hoje, a internet ocupa esse papel de destaque. Porém, o rádio continua vivo, a desempenhar funções de socialização, informação, entretenimento, cultura e formação de identidades e memórias.
O aluno de Publicidade e Propaganda, Pedro Lopes, também participou do Cine e recomenda!