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O Iluminado

  • Vina Brandão
  • 8 de nov. de 2013
  • 3 min de leitura

Adoro assistir aos filmes do Stanley Kubrick. Nada que ele faz segue padrões comuns e ninguém consegue ser parecido com ele. Só o Kubrick para pegar um livro do Stephen King e transformar no que se tornou O Iluminado. Uma obra que gera milhões de teorias, com imagens poderosas, realização longa e muitas controvérsias.

Família se muda para cuidar de um hotel de luxo enquanto ele fica fechado para o inverno. O pai aceita o cargo porque está buscando isolamento para escrever um livro em paz. O filho é um “iluminado”, que aparentemente possui algum tipo de poder sobrenatural. E o hotel parece ser tomado por espíritos de outrora, de todas as pessoas que já morreram no local.

As brigas de Kubrick contra King são lendárias. O autor odiou cada decisão de mudança criada pelo diretor. Mas Kubrick não era fácil. O carro dos protagonistas é vermelho no livro, mas Kubrick o colocou amarelo para provocar. No final do filme, um carro vermelho aparece esmagado só para mandar uma mensagem para o autor.

Planos simétricos que engrandecem o hotel.

Aparentemente a grande mudança reside no fato de que, no filme, existe a possibilidade de não haver fantasma algum no hotel. Vemos o pai, Jack, interagindo com pessoas que morreram, mas será apenas parte da loucura dele ou serão fantasmas reais? Nunca vemos o filho interagir realmente com eles, apenas consequências de possíveis encontros e um “amigo imaginário”.

O final deixa a responsabilidade por conta do espectador de dizer o que aconteceu. Seja como for, não muda os eventos principais. Jack tenta matar a mulher e o filho em um ato de desespero. Se foi por conta de influência fantasma ou de insanidade pura e simples talvez não importe tanto.

Kubrick toma cuidado para retratar o hotel como uma construção enorme constantemente. Coloca grandes angulares quando os atores estão próximos e faz o cenário parecer maior ao redor. Quando os planos são mais distantes, normalmente surgem panorâmicas. Sempre com planos simétricos. A dualidade é tema constante na obra.

Também usa as cores para dar o tom do perigo e da interação com o que quer que haja ali. Não é a toa que Jack está sempre usando vermelho ou cercado pela cor. No ápice da interação com o que existe no hotel, se encontra em um banheiro todo vermelho aceitando conselhos de um falecido que matou a própria família.

O filme é famoso por conta das teorias de conspiração que discutem possíveis mensagens secretas em que Kubrick pode ter tentado admitir ter falsificado o pouso na lua. Mas as discussões mais interessantes estão relacionadas ao passado da família do filme. Jack espancou o filho no passado, fez mais que isso ou nunca tocou nele? Seja o que for, é notável que não é uma família que possui mais união e carinho.

Ficar apontando características que retratam a genialidade de Kubrick é perder tempo. São tantos elementos do começo ao fim que seria preciso um livro inteiro cheio de ilustrações.

Jack Nicholson está solto. O ator nunca se deixou passar por maluco neste nível. Uma sequência enorme dele ameaçando a esposa é perturbadora. Não dá para ter certeza do que ele quer fazer até o momento em que diz que não pretende machucá-la, apenas esmagar seu crânio. Tudo com um sorriso assustador. A ideia de matá-la o deixa plenamente feliz.

Em contraste com Nicholson temos a Shelley Duvall. Kubrick a aterrorizava no set de filmagem. Normalmente quando aparece chorando em cena é por conta do terror que o diretor a fazia passar. É impossível não sentir pena dela em cena.

Coitada da Shelley.

Adoro o filme, mas preciso admitir que fiquei cansado revendo-o dessa vez. Estava cansado e o ritmo um pouco mais lento me derrubaram. Ainda acho maravilhoso, mas na próxima vez assisto depois de um copo de café.

GERÔNIMOOOOOOO…

 
 
 

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